quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sobre coçar o pé debaixo da mesa

Culpou uma Tinea pedis que a afligiu durante aqueles dois primeiros meses do ano de mil novecentos e oitenta e sete, mas vovó Maria José acusaria sua falta de etiqueta.

Na mais fina doçaria da cidade de C.G., a moça M.L. e a mencionada micose comemoravam algum evento importante da vida adulta e profissional. Juntos, à mesma mesa, também estavam os pais e as irmãs da jovem, a avó Maria José, duas amigas íntimas e Dr. C.C.L., um parente afastado que os pais de M.L. coagiam contato por ser senhor distinto e gozador de boa posição social, daqueles que não precisam freqüentar a pós-graduação para obter tal título.

A certa altura da noite, a frieira de M.L. despertou, anunciando sua presença por meio de uma coceira violenta. Como não pudesse agüentar tal manifestação, discretamente se descalçou, e começou a esfregar seu pé de forma frenética na primeira superfície dura que encontrou. Durante uns trinta segundos sentiu o êxtase, e quando o alívio atingiu seu pico, diminuiu aos poucos a intensidade e o ritmo da fricção. Enquanto seu pé ainda pousava em cima da superfície dura, a moça sentiu a mesma se mexer. Disfarçou um sobressalto e olhou discretamente em baixo da mesa. Para sua surpresa, o que julgara ser um suporte do móvel, era, na verdade, um sapato social masculino. Atônita, M.L. olhou em volta, e à sua frente o Dr. C.C.L. a fitava com os olhos perdidos.

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